16 janeiro 2006

Matança / matação do Porco

 Foto...Zel
Recordo dos meus tempos de criança, a matança do porco. Sim, era uma Festa! Nesta época do Ano, de Dezembro a Fevereiro principalmente, quase todas as famílias a faziam, abasteciam as suas salgadeiras e fumeiros para o novo ciclo de vida que estava para iniciar. Apesar de que, na lide do campo nada acaba, pois quando se finaliza uma colheita ou sementeira outra se enceta. A faina agrícola nunca pára.Nesta aldeia, assim como em tantas outras, era pois pratica comum; criavam o seu porco, assim como outros tipos de gado.
O já falecido "Tio Alberto" homem sábio e de bom coração, durante esta época não tinha mãos a medir, era o "sangrador"da aldeia.Todo este acontecimento precedia-se de uma espécie de "ritual": de manhã ainda muito cedo chegava o sangrador, logo de seguida os agarradores. Os donos da casa recebiam-nos com simpatia e éramos logo convidados a matar o "bicho" que normalmente consistia em frutos secos, bolachas, biscoitos e uma pinga de aguardente. Seguidamente, o porco era sangrado e preparado.
Depois de todo este trabalho, era chegado o momento mais esperado-comer a "chaveira"termo popular usado nesta terra, que se refere a uma carne extraída do pescoço do porco, embora o significado de chaveira não seja este.
A matança era também um símbolo de união de família e amigos. Era pura e simplesmente uma Grande Festa, principalmente quando éramos convidados a fazer parte da equipa de "agarradores" sentíamo-nos uns homens, acabados de ser promovidos!
Mas os tempos mudam! E será certamente uma das maiores tradições populares, que
deploravelmente vai acabar. Pois quanto sei, nos dias de hoje, esta prática é ilegal. A lei não o permite, só nos matadouros oficiais. Convém lembrar que na vizinha Espanha para manterem a tradição, a família mata o porco, mas com controlo sanitário. Aquando da matança é recolhido uma amostra que é levada ao veterinário da câmara local para a análise, este dá o aval ou rejeição, para a respectiva desmancha, passando para isso um certificado.
Nós Portugueses gostamos de fazer as coisas de forma mais simples, proibimos! E assim, vamos empobrecendo culturalmente.
Vamos falar desta e de outras tradições que aos poucos estão a desaparecer das nossas aldeias, pois quem as viveu, nunca as esquece, certamente o encanto e a saudade e até alguns dos sabores desses tempos, ficam para sempre no nosso coração.

Por falar em "Chaveira", quem se lembra?
Como se faz?

Comments:
Em fornos de maceira dão todos os anos em agosto na festa do povo ha a matança do porco com a ajuda de toda a população, a comissao de festas paga o porco (1 ou 2) é morto de manha e comido á noite.. acho que pelo menos uma vez por ano a tradiçao esta assegurada em fornos maceira dao.. quanto á chaveira.. não sei como se faz :)
grande abraço e bons posts!
 
Acredito o " menino " deve ter uma Quinta nova..... Muita criação...muita força. Boas colheitas e receitas!


Grande abraço "bossinho"
 
É verdade. Na Abrunhosa os meus avós faziam o mesmo.
Era sempre uma grande festa para a famíla e amigos. Mas o que eu gostava mais era do fumeiro da minha cozinha.
Adorava ver as chouriças e farinheiras ali penduradas a rir-se ... era uma borga!...
Por vezes saltavam directamente para a brasa. Com uns amigos, umas cartitas e uns tintos.
E aqueles lombinhos do fundo em azeite numa talha. Bem. Apesasr de ter jantado há pouco já estou quase a babar-me.
Um abraço
 
Sim senhor, quem teve o prazer destas vivências, não mais as esquece.
Eu muitas das vezes fui a correr, na altura em que “tiravam os sapatos” ao porco, pedir uma folha de couve, para o Sr. matador dar ao bichinho que estava com fome. As crianças ainda embarcam em cada coisa!
O que eu gostava era de comer a “carne do cão”, a melhor febra, retirada do porco ainda quente. Brasas e … sabia tão bem! … é tão bom recordar.
Obrigado por este passeio aos tempos da minha infância.

Abraços
 
É verdade meu Amigo, são recordações da aldeia, com todo o seu perfume e encanto, parece que a da couve era igual em todo o lado rssssssss.....
 
Além da couve havia e há, na Abrunhosa do Mato há o costume de se enfiar os "canelos", os spatos como disse o Terreiro, nos bolsos dos diversos intervenientes, sem estes darem conta, naturalmente. Era de facto uma festa, uma alegria. Bem, devo confessar que ajudei a comer algumas chouriças e farinheiras não só na casa do Alex, como na do Zé Tó, na minha...era onde havia e calhava. Vinho? Sempre do bom...zurpa que a bebam os que a fazem.
 
Sim dos "canelos", também era pratica, até diziam: Lá que comam todo bem, mas levar para casa é que não !!!!!
 
Há tradições que por muito que se tente acabar com elas acho que nunca se vai conseguir e esta é uma delas.
Também eu adoro participar na matação do porco, é uma prática na qual tento participar pelo menos uma vez por ano.
Tudo é bom: o convívio, o queimar do porco, o lavar do porco, a chaveira, as morcelas, a desmancha, as farinheiras, as chouriças, as costelas grelhadinhas, etc, etc.
As fiscalizações se realmente se preocuparem com o que é importante, nunca terão tempo para chatear quem mantém viva esta tradição.
 
À memória, amigo Zé, vieram várias recordações desses tempos em que era uma autêntica festa o dia do sacrifício do animal. Ah... e a chaveira... inigualável. Na brasa ou na sertã. Um espectáculo.
 
Adorei voltar lá atrás à minha primeira infância e à matança do porco em família!!! era um momento único!
Não me lembro do termo de chaveira mas no próximo fim de semana vou perguntar à minha mãe. Lembro-me de comer um primeiro prato que eu detestava e que era cozinhado com o sangue, penso que se chamava serrabulho? tenho que "refrescar" a memória...

Depois volto e digo-te.

Mas concordo contigo quanto ao "desprezo" que temos pela nossa cultura de gestos antigos e genuínos...

Beijo ;)
 
Amigo Zel, ao ler este post revejo as matanças efectuadas aqui no meu cantinho durante os últimos anos por alturas do Carnaval. Matador, ajudantes e curiosos, ninguém arredava pé sem fazer a primeira prova ao suíno - a Chaveira, esse grande petisco. Os “canelos” também havia sempre o feliz contemplado que os levava para casa. (Tenho reportagem fotográfica da última edição, que um dia publicarei no mourilho). Para confirmar o anterior comentário no dia da matança era aproveitado parte do sangue, que servia precisamente para fazer as respectivas “papas de serrabulho”, que eram comidas, no dia seguinte e que serviam de aperitivo para restante carne. Quanto a receitas talvez as possa arranjar, mas terei que efectuar uns contactos, visto não ser a minha especialidade. Gostava muito de aqui deixar o convite, mas devido a uma ligeira crise directiva que a colectividade atravessa, não prometo que este ano se realize. Um grande abraço e saudações leoninas.
 
Não , não me lembro!

mas recordo a "matança do porco"...Oh, há quanto tempo....
 
Os "canelos", nos bolsos … eh eh eh, era isso era, grande galhofa ….
Que saudades!
 
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